terça-feira, 2 de junho de 2009

Manifestação Contra Ampliação de Viracopos

Caros amigos

Tão importante quanto estarmos sempre alerta em defesa da nossa Mata Santa Genebra é juntarmo-nos à manifestação:

6a FEIRA - 10.30 - LARGO DO ROSÁRIO (CENTRO - CAMPINAS).

MANIFESTAÇÃO CONTRA A AMPLIAÇÃO DE VIRACOPOS DA FORMA COMO ESTÁ PROPOSTA

PELA PROTEÇÃO DO CERRADO E DA ÁGUA

PELA PRESERVAÇÃO CULTURAL E DE PRODUÇÃO NO FRIBURGO E HELVÉTIA

EXIGIMOS QUE O MEIO AMBIENTE SEJA PRESERVADO

Repassem para suas listas, vamos tomar o Largo do Rosário nesta 6a. feira 5 de junho.

Victor

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Audiência Pública sobre amplicação do Aeroporto de Viracopos - 19 fevereiro 2009

Prezad@s defensores, A Audiência Pública sobre a ampliação de Viracopos foi um sucesso de participação popular que durou 6 horas!, entretanto, o único jornal de Campinas evitou em lhe dar a devida atenção, deixando passar o carnaval para se posicionar perante seus leitores. Abaixo encaminhamos 3 textos publicados na edição de hoje (depois de uma pressão do movimento ambientalista).O EIA/RIMA aprensentado pela INFRAERO continha muitas falhas, além de tratar superficialmente as questões mais importantes. A ampliação do aeroporto é o empreendimento de maior impacto ambiental e social de nossa cidade, mas afeta diretamente outros municípios que sequer participaram da discussão. Os moradores da região também não participaram deste processo e serão desapropriados de maneira desrespeitosa. Estamos fartos da tirania do progresso, que por fim beneficia as mesmas empresas, famílias e corporações que há muito vem enriquecendo com a destruição de nossa região. A pressa, que é a maior inimiga da perfeição, não pode ser o motor deste processo, pois a ampliação do aeroporto é um velho projeto erroneamente protelado pela INFRAERO e pelo governo brasileiro há décadas. Há apenas um ano, as autoridades ainda não sabiam como resolver o problema aeroportuário, oscilando entre Congonhas, Viracopos e outros. O fato é que não existe um plano de diretrizes para esta questão seja no Estado de SP seja para o Brasil. Opinião - Correio Popular - 27 de fevereiro de 2009
A capacidade de suporte da RMC
MÁRCIA
CORRÊACampinas foi palco recentemente de uma audiência pública chamada pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) para discutir os impactos ambientais contidos no Estudo de Impacto Ambiental — EIA RIMA — apresentado ao órgão licenciador pela Infraero para a obtenção da Licença Prévia.Pretende-se transformar Viracopos no maior aeroporto do Hemisfério Sul com uma demanda projetada para quinze anos de 75 milhões de passageiros e 1.600 voos diários, e para tanto em 2006, foram publicados os novos decretos tornando como utilidade pública quase 12.363.140,62 metros quadrados. Áreas rurais com sítios produtivos, chácaras e comunidades tradicionais como Friburgo estarão sendo desapropriadas para locacionar o sítio aeroportuário, causando com isso um enorme impacto ambiental e social. A área em questão está sobre 67% do Aquífero Tubarão, e 19,9% sobre o pré-Cambriano. A própria Cetesb afirma que estes recursos hídricos subterrâneos vêm se tornando estratégicos para o desenvolvimento econômico da sociedade, devendo portanto ser protegido contra a qualquer poluição.A área de influência direta deste empreendimento projetado e seu entorno está inserido na bacia hidrográfica do Capivari, com seu principal afluente que é o rio Capivari Mirim, e seus ribeirões, córregos Morro Torto, Estiva, dos Meninos, Viracopos, cursos intermitentes e lagos. A manutenção desta água superficial é de extrema importância para toda a região e abastecem parcialmente as cidades de Indaiatuba e Campinas. Grande parte destas nascentes preservadas e corpos d’água serão aterrados para a construção das novas pistas.Será destruída a última porção de cerrado da região de Campinas e uma significativa mata ciliar será retirada interrompendo corredores migratórios e com isso a específica fauna registrados de forma supérflua pelo estudos de impactos ambientais como as 12 espécies de mamíferos, 73 de aves e treze de anfíbios será extinta.Os ecossistemas de produção de água de Campinas já se encontram fragilizados, perdendo sua capacidade de recuperação e degradando-se pela ausência de políticas preventivas. É notório o desinteresse na preservação das áreas de recarga de aqüíferos; o lixão Delta, localizado nas proximidades do aeroporto, está seriamente comprometido. Não implementamos ainda políticas para o lixo hospitalar, doméstico e industrial em uma cidade que cresce sem nenhum planejamento.Outro aspecto que deveria ser apresentado à sociedade com seriedade e transparência é o da saúde pública. Nada foi divulgado à população sobre a questão dos ruídos que atingirão de forma aguda os moradores de até 50 km, já que está previsto perto de um voo a cada minuto, com 590 mil voos/ano. Pesquisas já indicam que a poluição atmosférica em Campinas tem alcançado índices comparáveis aos de locais extremamente degradados na América Latina. A poluição produzida pelo aeroporto e pelo parque industrial, juntas com as já existentes dos veículos terrestres serão em grande escala e aumentarão consideravelmente a já impactada bacia aérea da região. Temos que discutir profundamente os impactos desta ampliação, que contém em seu bojo um capital natural não substituível, cuja perda será irreversível, não ética com custos incomensuráveis devido ao seu papel vital para as futuras gerações.É por essa e outras razões que não poderia ter sido mais feliz o brado lançado há tempos pelo economista Jean Gadrey: “A ditadura do PIB é ilegítima em todos os planos: moral, filosófico e até econômico. Está na hora de dessacralizar a assimilação da riqueza ao PIB e a do progresso ao crescimento tal como ele é medido. Temos bons argumentos (e números) para avaliar de outra maneira a qualidade de vida e as riquezas de que dispomos num país.”Márcia Correa é presidente da Associação Protetora da Diversidade das Espécies (Proesp) e conselheira do Conselho de Meio Ambiente de CampinasViracopos Correio LeitorRaquel Gouvêa
Professora universitária, Campinas Fiquei insatisfeita com a cobertura deste jornal da audiência pública de Viracopos. É necessário informar a população que ocorreu em Campinas um importante exemplo de participação democrática da sociedade civil, que surpreendeu até os representantes do Consema e do Daia, que presidiram a sessão na Câmara. Isso prova que os cidadãos de Campinas estão bastante preocupados com os impactos sociais e ambientais decorrentes deste projeto. Não estamos contra a ampliação, mas exigimos transparência em todo o processo, com participação das cidades envolvidas e com um prognóstico claro dos impactos e planos de ação. Sabemos que não poderemos reverter os estragos resultantes de um planejamento e execução falhos (...).
Editorial
Viracopos e os impactos ambientais
EditorialTodo projeto de desenvolvimento deve manter a correta perspectiva da conciliação da ocupação do espaço, os processos de transformação e a preservação do meio ambiente, tendo como objetivo final o bem-estar da sociedade. As iniciativas que contemplam todas as variáveis de sustentabilidade têm condições mais favoráveis de sucesso e aceitação, harmonizando ganhos e retorno de investimentos em respeito ao direito coletivo.Todo empreendimento está sujeito a prestar contas dos aspectos legais de sustentabilidade, através dos instrumentos técnicos de medição dos impactos ambientais, os relatórios, assegurando que toda intervenção será no sentido de evitar danos, mesmo que seja através de estudos de compensação sobre o inevitável.Um dos mais importantes e estratégicos projetos para a Região Metropolitana de Campinas (RMC) é a ampliação do Aeroporto de Viracopos, a alternativa que se mostrou mais apropriada para fazer frente à crise aérea que se instalou nos últimos anos e que exige soluções de caráter técnico rápidas e eficazes, com o menor custo e máxima conveniência. Depois de especulações sobre adaptações oportunas em Congonhas e até mesmo a construção de um terceiro aeroporto para aliviar o tráfego congestionado sobre a Capital, prevaleceu o bom senso e o terminal campineiro somou todos os quesitos para receber recursos e novas linhas.Dentro do processo de desenvolvimento do projeto, foram elaborados pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima), apresentados em audiência pública na semana passada a convite do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema). O complexo estudo mereceu críticas e comentários de diversas entidades e conselhos, além de membros da sociedade, preocupados com os efeitos negativos da ampliação sobre o entorno de Viracopos.É sempre importante que as questões ambientais sejam colocadas a par da discussão de qualquer empreendimento, especialmente aqueles de maior impacto previsível, como é o caso da ampliação de um aeroporto. A atenção de todos deve estar estritamente focada nas medidas que podem ser adotadas para que as obras imprescindíveis sejam assimiladas de forma adequada e justa, considerando todos os interesses. Assim, é muito oportuno que a confrontação de ideias se dê neste primeiro momento, clareando dúvidas técnicas, apontados sugestões, corrigindo rumos e dando forma legal à inexorável conveniência da ampliação do Aeroporto.A ampliação é urgente, importante para toda a região, estratégica para a aviação civil, vital para a economia do Estado e indispensável para o sistema. Não se pode perder de vista estas qualificações, até porque se espera que o novo Viracopos seja um modelo de terminal que certamente excederá o cuidado com o meio ambiente, sem ceder a argumentos protelatórios inconsistentes.
--

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Meu apoio à Mata Santa Genebra - por Cabeto Rocker

Meu nome é Cabeto Rocker, sou músico e produtor cultural.
Vivo e trabalho em Campinas desde 1987.

Estou ausente da cidade desde abril do ano passado, por conta de um trabalho junto com minha esposa, Maria Castellano, aqui em Brasília, com retorno previsto para 2010. Estamos na área Ambiental/Cultural.
Conheci Campinas em 1984, quando vinha a passeio e para tocar com meus amigos do grupo musical BANDO. .
Lembro-me que uma das coisas que me fizeram trocar o Rio de Janeiro por uma cidade do interior de São Paulo foi a riqueza e preservação que havia na cidade mãe dessa atual região metropolitana.
Ao longo dos anos fui acompanhando as "abocanhadas" que o verde campineiro foi levando da especulação imobiliária não sustentável. Sei que isso é um fenômeno no mundo inteiro. Mesmo com milhares e milhares de imóveis sem conseguir sua venda ou locação, por causa de seus valores ou por suas condições de mercado, cada vez mais se constrói casas, condomínios e shopping centers. Não aparece nenhum programa de "sustentabilidade imobiliária". Essa devastação impensada, na maioria dos casos, se dá para atender os desejos incitados pelo "compre o novo", "venha morar bem" etcs do gênero. Entendam: não sou contra o progresso em nenhuma instância, sou contra esse modelo insano e absurdo de só se enxergar os "lucros", sem se encarar de frente a problemática: "precisamos disso? Isso é certo de ser feito?, É ambientalmente sustentável?"

É claro que sempre vão aparecer aquelas pessoas "letradas, estudadas e entendidas" nos assuntos da natureza, mas que na verdade estão ao serviço da cegueira do deus mercado e vão dizer que sim, podemos derrubar aquela área verde ali para construirmos mais algum "empreendimento" e que não haverá problema algum ambiental. Claro, nunca haverá problema algum para pessoas que não querem enxergar a realidade atual. É só acompanhar o quanto estamos asfaltando e cimentando o Planeta e teremos o quadro do quanto estamos ofendendo a natureza e, consequentemente, à nós mesmos. Isso é visível. Isso não dá para esconder atrás de out doors com propaganda de "seja feliz comprando, comprando". Cara ilusão. Homocêntrica visão. Cara visão imediatista e egoísta. Sim, as pessoas vendem as "terras", as "propriedades" como se nada estivesse acontecendo. Como se tudo o que nos cerca estivesse aqui biblicamente para nos servir. Ledo engano de interpretação conveniente. Essas pessoas não enxergam o organismo vivo onde vivem e onde habitam seus corpos também vivos. Poderíamos fazê-las entender se, por exemplo, começássemos a decepar um membro do corpo de uma pessoa a cada 5 anos. A experiência daria a real dimensão do que é ser privado de movimentos e sensações. Depois de 20, 30 anos, como viveria essa pessoa, contando com apenas seu tronco?

No caso da Mata Santa Genebra, eu entendo aquela área como uma "doação antecipada" de um órgão para um paciente (a cidade) que ainda não estava tão adoecido assim, mas que agora necessita dessa doação e desse órgão funcionando muito bem. É um presente sem igual. É uma doação de vida, no sentido amplo do significado dessa palavra.
Claro que haverá muitas "pessoas de bem" e defensoras do "deus estilo de vida" dando as mais mirabolantes explicações para que "se diminua um pouquinho", "se avance um pouquinho", "se pegue só um pouquinho" da mata, para esse ou aquele "interesse" da "comunidade". Ah, e para que isso aconteça, sempre haverá quem se ampare em "alguma lei" cegamente e diga aos quatro cantos dos ouvidos dos "interessados- interesseiros", que, "alguém cale a boca desses ambientalistas que são contra o progresso" de nossa cidade. Já vimos no que deu esse "progresso humano". Antes tínhamos o desconto de não sabermos muito bem o que fazíamos. Agora não há mais desculpas. Temos dados, temos história, temos relatórios e, principalmente, estamos todos aqui, vivendo essas mudanças climáticas e sociais. A mídia não ajuda muito: sempre dá as notícias da forma "a natureza castigou" tal região, o "clima" está isso ou aquilo, sem realmente separar o que é "natural" e o que tem um "dedinho" do homem.

O mundo está dividido em pessoas que querem mudar seus hábitos culturais adquiridos e tentar literalmente "mudar o mundo", a partir das novas descobertas e das novas possibilidades de sustentabilidade real, estudada e comprovada. E temos aquelas pessoas que não querem pensar o sustentável, o inteligente e sensato nesses tempos que exigem mudanças radicais. Essas pessoas não ligam para o futuro do Planeta e seus habitantes (todos os seres vivos) e acreditam que sempre alguém irá resolver os problemas do mundo, num passe de mágica, sem que elas tenham que mexer um dedo, ou repensarem seus hábitos culturais. Ou pensarem em ganhar um pouco menos.

Não podemos nos tornar escravos dos números e escravizar pela sedução que os números causam nas pessoas. Leia-se: "olhem para mim, admirem tudo o que eu tenho, vejam como eu sou poderoso e rico". Que tipo de riqueza é essa que poderá causar o desequilíbrio da vida e bem estar das futuras gerações?

A Mata Santa Genebra, assim como outras áreas verdes do Planeta merecem atenção, carinho e proteção. Elas estão vivas, assim como nós. Nós dependemos dessas áreas verdes para sobreviver. Elas dependem de nós para sobreviver e nos dar condições de prosseguirmos nossas vidas e a vida de nossos semelhantes que ainda nem nasceram.

Está difícil de entender o que eu estou falando? Espero que não.

Acredito ainda numa educação "natural-integral" baseada nos ensinamentos dos nossos povos das matas, de nossos índios, de nossos quilombolas e de nossos cientistas modernos da linha sustentável. Estranho chamar esses povos de "atrasados, incultos e selvagens". Estranho barrar os cientistas que trazem informações corretas sobre nossos perigosos "hábitos industrializados". Hoje em dia eu morro de vergonha de nossas sociedades: nós somos os selvagens aqui. É só dar uma boa olhada ao nosso redor e ver como estamos vivendo. Somos felizes vivendo na aridez do concreto e no meio do lixo? Que sociedade é essa que faz alguns seres humanos e outras formas de vida viverem como objetos descartáveis? Que modelo de sociedade é essa que torna alguns seres vivos desse Planeta "massa de sustentação irracional de péssimos hábitos culturais"?

Vivemos com medo de nossos semelhantes. Causamos medo às outras formas de vida. Tem algo muito errado, não?

VIVA A MATA SANTA GENEBRA! VIVA TODAS AS MATAS!

Cabeto Rocker Pacolato

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Matéria do Jornal Integração - Campinas 20/01/09

Prezados, Enviio-lhes reportagem sobre a Mata Santa Genebra do Jornal Integração - Campinas, SPEdição 358 - 20/01/2009http://www.jintegracao.com/ Errata: Raquel Gouvêa não é professora da Unicamp, mas de duas faculdades privadas.É aluna do doutorado e pesquisadora na Faculdade de Educação da Unicamp.

A luta contra a apatia política
Raquel Gouvêa e seu engajamento pela preservação da Mata Santa Genebra
A área envoltória à Mata Santa Genebra vem despertando o interesse de empreendimentos imobiliários e causando a preocupação de pessoas, como a professora e pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Raquel Valente de Gouvêa, quanto à preservação de recursos naturais. À frente da mobilização popular SOS Mata Santa Genebra desde 2007, Gouvêa em pouco tempo expandiu seus parceiros para além do município. Em julho desse mesmo ano, ela entregou uma petição ao prefeito de Campinas com 4.180 assinaturas e o apoio direto de 36 entidades ambientais e culturais do estado de São Paulo pedindo garantias quanto à manutenção de uma área de proteção de 300 metros no entorno da reserva. Em 2008, decisões ambíguas do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (CONDEPACC) e o Ministério Público Federal (MPF) tendo de intervir sobre a demora na elaboração do Plano de Manejo da Mata, tornaram a rotina de defensora ambiental de Gouvêa agitada. Entre manifestações e reuniões, ela diz que a mobilização SOS Mata Santa Genebra "existirá enquanto a reserva estiver em situação de risco". Nessa entrevista para o Jornal Integração, Gouvêa relata os perigos para a reserva e o que se pode esperar do poder público em relação ao meio-ambiente para 2009.

JI - O ano de 2008 foi marcado por bastante polêmica envolvendo a Mata Santa Genebra, como diminuição da área envoltório do Bem Natural D e a decisão do final de 2008 do MPF de impetrar uma ação contra novos empreendimentos imobiliários no entorno da mata. Para 2009, com o apoio do procurador da república, os defensores da reserva terão boas notícias?

Gouvêa - Certamente a ação do promotor Paulo Roberto Galvão do MPF é uma boa notícia não apenas para nós, mas para toda a cidade de Campinas, afinal a Mata é o maior patrimônio ambiental da região e uma das maiores áreas de mata nativa (Atlântica) do Brasil. A demanda ambiental é muito grande em nosso município e nossos gestores agem como se a natureza não fosse finita, desrespeitando e agredindo o meio ambiente, maquiando suas intenções predatórias com slogans verdes do tipo "desenvolvimento sustentável", quando na verdade é impossível qualquer idéia de sustentabilidade ambiental dentro da lógica da expansão desordenada da cidade e do consumo crescente. Não sabemos como será o ano de 2009, mas estamos otimistas, pois agora temos certeza de que a mobilização da sociedade foi ouvida e que existe algum rigor nesta história.

JI - A área envoltória da mata em 2008 despertou muito interesse do mercado imobiliário. Em sua opinião, o avanço da cidade para mais perto da reserva é um processo irreversível?

Gouvêa - O interesse na envoltória da reserva, mas também dos Bens Naturais anexos (D e C) não é algo novo. O mercado imobiliário cada vez mais investe na lucrativa idéia dos empreendimentos "verdes", localizados próximos às áreas ambientalmente frágeis. Fazem barganhas com pessoas influentes a fim de viabilizarem seus objetivos e, infelizmente a população também participa deste esquema, comprando esses imóveis sem critério. A cidade cresce incessantemente e esse tem sido o slogan de nossos gestores: desenvolvimento acelerado, entretanto, a falta de planejamento, o descontrole e a ignorância tem levado Campinas ao esgotamento. Não basta copiar bons exemplos, é preciso entender profundamente o que significa desenvolver dentro do paradigma ambiental, ou seja, ordenar o crescimento da cidade preservando e ampliando todas as áreas naturais. Irreversível mesmo é o dano ambiental gerado por décadas e décadas de omissão e descaso.

JI - O plano de manejo da mata está atrasado, segundo o calendário da lei 9.985 do ano 2000 que trata das Unidades de Conservação (UC) federais, a que senhora credita esse atraso e em que isso pode ser prejudicial para a preservação do local?

Gouvêa - O Plano de Manejo está atrasado cinco anos. O Manejo interfere nos anseios daqueles que pretendem lucrar nas proximidades da reserva, pois ordena, entre outras coisas, tudo que pode e que não pode existir no seu entorno, por isso a demora em realizá-lo. Mas a falta do Plano de Manejo da Mata Santa Genebra também cria obstáculos para outros projetos desta gestão, como por exemplo, o conturbado Parque Ciatec II. É claro que a falta do Plano, além de ser um descumprimento da legislação, fragiliza a proteção da Mata. A falta de um plano de manejo efetivamente exeqüível quase possibilitou a alteração do tombamento da envoltória da reserva, mas felizmente a sociedade mobilizada impediu essa barbárie.

JI - A senhora faz parte da Mobilização Popular SOS Mata Santa Genebra. O ano de 2008 foi de muita movimentação por parte dela. Quais são os objetivos para o ano de 2009?

Gouvêa - Nossos objetivos continuam os mesmos: fazer todo o possível para garantir a proteção integral deste patrimônio ambiental, ou seja, da Mata principal, seus dois anexos e toda a envoltória do complexo, com o mínimo de 300 metros de distância de qualquer atividade que venha a ser realizada ali. Esperamos que com a mudança na presidência da Fundação José Pedro de Oliveira, as ações necessárias à proteção e também à expansão dos fragmentos sejam efetivamente desenvolvidas.

JI - Como a senhora avalia a gestão do atual prefeito, Dr. Hélio, em relação ao Meio ambiente?

Gouvêa - Até o presente momento, minha avaliação não é positiva. O Prefeito, embora se mostre sensível à causa ambiental, não realizou nada de efetivamente positivo neste setor. Acredito que existam muitos entraves para que Campinas desponte como uma cidade ecologicamente planejada. Para que o discurso "verde" se transforme em atitude consciente e construtiva, é fundamental que o Prefeito se associe a pessoas qualificadas para levar avante esse projeto, mas até o momento não houve essa escolha, mostrando à população que o Meio Ambiente ainda não é uma prioridade.

JI - Em sua opinião, como é ser uma ativista do meio ambiente em Campinas? A senhora acha que faltam mais iniciativas visando a proteção ambiental por grupos de pessoas engajadas em Campinas?

Gouvêa - Ser ativista é não permitir que a apatia política tome conta de nossas vidas; é participar da maneira que for possível das coisas de interesse coletivo e potencializar nossas habilidades para o bem comum. Isso é fácil, mas necessita de consciência e de atitude. A causa ambiental é uma demanda urgente que coloca em igualdade todas as pessoas, independente da classe social. Trata-se da sobrevivência do Planeta e isso diz respeito a todos nós. O movimento ambientalista em Campinas é muito forte e representa uma das poucas manifestações de resistência aos desmandos dos gestores públicos e às ações predatórias e irresponsáveis de parte da iniciativa privada. A presença dos ambientalistas atualmente é fundamental para que consigamos reverter o panorama de devastação das cidades brasileiras.

sábado, 17 de janeiro de 2009

16 janeiro 2009 - Inquérito Federal apura dano na Mata Santa Genebra

Publicada em 16/1/2009

Cidades
Inquérito federal apura dano na Santa Genebra

Ministério Público abre investigação sobre empreendimentos

Maria Teresa Costa
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
teresa@rac.com.br

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito civil público para apurar dano ambiental à Mata de Santa Genebra, em Campinas, por empreendimentos situados ao redor da área verde. O inquérito foi instaurado pelo procurador da República Paulo Roberto Galvão de Carvalho. A Mata de Santa Genebra, unidade de conservação federal, é Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie).

Carvalho é autor de uma ação civil pública impetrada no final do ano passado na tentativa de proibir novos empreendimentos no entorno da mata enquanto não for editado um plano de manejo da reserva. Plano de manejo, segundo a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservações, é o documento técnico que estabelece o zoneamento e as normas que devem ser elaboradas para o uso da área e a utilização dos recursos naturais. Na prática, o plano evita construções que podem afetar o meio ambiente.

Ele pediu, na ação, que a Fundação José Pedro de Oliveira (gestora da área), a Prefeitura, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) suspendam qualquer procedimento de licenciamento ambiental de empreendimentos em um raio de dez quilômetros da reserva florestal, até a apresentação de um plano de manejo da mata. A ação está em análise na 2 Vara Federal de Justiça em Campinas.

O procurador determinou, na portaria publicada ontem, que o Núcleo Pericial da Procuradoria da República em São Paulo verifique se as informações prestadas pela Prefeitura sobre os loteamentos lindeiros e pela Fundação José Pedro de Oliveira sobre as alterações nas resoluções de tombamento resultam em dano ou ameaça de dano ambiental à área verde.

A Mata de Santa Genebra e dois fragmentos de floresta da porção sul da reserva são tombados. No início de 2008, o Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc) decidiu alterar os 300 metros de proteção no entorno dos fragmentos e reduziu a área envoltória, permitindo a urbanização, ou seja, loteamentos, na faixa dos 110m aos 300m da área envoltória do chamado fragmento D da Mata de Santa Genebra, uma porção de vegetação nativa próximo da Centrais de Abastecimento de Campinas S.A. (Ceasa).

A liberação para construções, segundo ambientalistas, será fatal ao patrimônio biológico da reserva, porque é justamente no complexo de remanescentes florestais da Mata de Santa Genebra que estão as matas de brejo, nascentes, lagoas e várzeas. O fragmento é parte da Bacia do Ribeirão Quilombo.

Plano de manejo da reserva sai até março, diz fundação

O presidente da Fundação José Pedro de Oliveira, José Aires de Moraes, disse ontem que a instauração do inquérito não preocupa porque é parte do contexto da ação civil pública que está na Justiça determinando um prazo, até março, para que o plano de manejo da Mata de Santa Genebra esteja concluído. "Fazer esse plano é prioridade zero", afirmou. Algumas audiências públicas já foram realizadas e falta, segundo ele, mais uma para fechar o plano que será levado ao prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT). A equipe técnica da fundação trabalha com a proposta de ampliar a zona de amortecimento da mata, ou seja, a área onde as atividades humanas estão sujeitas a restrições. A proposta é expandir o atual raio de dez quilômetros até os rios Jaguari e Atibaia. A zona de amortecimento expandida, se aprovada, vai envolver dez municípios vizinhos. (MTC/AAN)